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Cacauicultura capixaba produz cada vez mais com menos

por Rosimeri Ronquetti

em 07/04/2022 às 13h54

3 min de leitura

Cacauicultura capixaba produz cada vez mais com menos

Foto: divulgação

Linhares segue liderando a produção de cacau no Espírito Santo. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), elaborados pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), o município responde por 72,24% da produção estadual.  

Mas o que tem chamado a atenção nos últimos anos é o rendimento médio por hectare. Os números mostram que a área colhida passou de 22.044, em 2014, para 17.185 hectares em 2020. Enquanto o rendimento médio saltou de 195 kg/ha para 658 kg/ha no mesmo período. 

O engenheiro agrônomo doutor em Fitopatologia e responsável técnico pelo laboratório de Fitopatologia do Incaper em Linhares, Enilton de Santana diz que a justificativa para o aumento no rendimento médio por hectare é a melhoria da qualidade técnica empregada nas lavouras cacaueiras e a entrada em produção a pleno sol, ocorridos após o período da crise hídrica registrada no Estado entre 2014 e 2016.  

“O déficit hídrico vivido no Espírito Santo levou a uma queda de produtividade e a um desânimo do produtor, que não tinha como trabalhar a roça para melhorar a produção. Passado esse período, houve uma redução de áreas que cultivavam cacau e melhoria na qualidade técnica. Começaram a pegar material genético e enxertar no material antigo, no cacau comum, melhorando, assim, a qualidade e a produtividade por hectare desse material genético. A produtividade média, que era em torno de vinte a trinta arrobas por hectare passou para setenta a cem. Também tivemos o início da produção do cacau a pleno sol com até cento e cinquenta arrobas por hectare, explica o especialista. 

Foto: Bruno Giuriato

Produtor há vários anos e referência no cultivo de cacau em Linhares, Emir de Macedo Gomes Filho confirma a análise de Enilton e fala do momento vivido pela cacauicultura capixaba. “O que justifica essa produção por hectare é o uso de tecnologia e adubação. Hoje tem muitas propriedades, inclusive, fazendo fertirrigação. A expansão da cacauicultura no Estado realmente está em uma crescente, haja visto que já temos aproximadamente cinquenta municípios trabalhando com a cultura do cacau e trinta e duas marcas de chocolate. Isso demonstra que a cacauicultura está em ascensão no Espírito Santo”, explica Emir. 

 

 O momento é de redenção

O agrônomo e cacauicultor Mauro Rossoni Júnior afirma que a produção do cacau capixaba vive um momento de redenção. Segundo ele, o início dessa redenção se deu por volta de 2012 com o plano Estadual da Renovação da Lavoura Cacaueira, promovido pela Associação dos Cacauicultores do Espírito Santo (Acau) e o Governo do Estado. 

A partir daí, ressalta Rossoni, muitos produtores plantaram, replantaram e clonaram cacau, e os preços começaram a melhorar, estimulando novos projetos. “A cacauicultura capixaba passou por um momento de forte reestruturação após a vassoura de bruxa, associado à necessidade de renovação das lavouras que já tinham idade acima dos trinta anos e complementada com a diversificação agrícola estimulada pelos órgãos de assistência técnica e extensão rural, focando em sustentabilidade da agricultura. Sem dúvida, a tendência é de crescimento”.

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