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“As montanhas do Espírito Santo têm o melhor café do Brasil”, diz barista internacional

Isabela Raposeiras, barista conhecida internacionalmente, diz que café das Montanhas Capixabas é o melhor do Brasil durante evento no Estado

por Rosimeri Ronquetti

em 21/12/2023 às 6h16

4 min de leitura

“As montanhas do Espírito Santo têm o melhor café do Brasil”, diz barista internacional

Foto: Rosimeri Ronquetti

*Matéria publicada originalmente em 24/09/2019*

Mestre de Torra com certificação internacional em degustação de cafés especiais, a barista Isabela Raposeiras é referência no assunto. Acostumada com os cafés das Montanhas Capixabas, que para ela são “os melhores do Brasil ”, Raposeiras participou, dia 14 deste mês, da entrega da 3ª edição do Prêmio Conilon de Qualidade em Marilândia, no noroeste do Estado, onde fez palestra para produtores de conilon.

Há mais de 17 anos no ramo, Isabela é dona da “Coffee Lab ”, em São Paulo. Mais que uma cafeteria, a “Coffee Lab ” é uma escola onde ela ensina quem deseja se especializar em barismo ou na torra do café.

Em um bate-papo com a Revista Safra ES, a barista destacou a qualidade do café capixaba, falou do potencial do conilon e sobre o seu relacionamento com os produtores. Confira:

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Safra ES: O Espírito Santo tem cafés de qualidade como o sul de Minas e São Paulo?
Raposeiras: As montanhas do Espírito Santo são para mim o lugar que tem o melhor café do Brasil. As outras regiões ficam chateadíssimas comigo por que eu falo isso, mas eu falo, é verdade.

Safra ES: Você já compra café arábica das Montanhas Capixabas. O conilon também tem potencial como os cafés das montanhas?
Raposeiras: Sim, tem potencial para qualidade. Eu acho que temos que valorizar quem faz qualidade mesmo no conilon. O conilon obviamente não é tão complexo quanto o arábica, mas ele tem muita qualidade, e isso que é legal. Então quem quiser se embrenhar por esse caminho é um caminho que vai crescer bastante, eu acho.

Safra ES: Você já compra conilon do Espírito Santo?
Raposeiras: Sim, em 2018 comprei um lote de conilon da fazenda Venturim, de São Domingos do Norte. O produto não perde em nada em termos de qualidade para o arábica.

Safra ES: O produtor de conilon demorou para despertar para essa questão da qualidade?
Raposeiras: Sim, bem mais. Mas por que o arábica é uma variedade de mais potencial para qualidade, então é natural que o arábica tenha vindo primeiro nessa toada. Na Índia, por exemplo, não é assim, é tudo igual.

*Fotos: Leandro Fidelis/Arquivo Safra ES

Safra ES: Normalmente você mesmo vem até os produtores comprar o café, essa é uma maneira de garantir a qualidade?
Raposeiras: Sim, primeiro pela qualidade. Depois porque acho que preciso ter esse relacionamento com o produtor. Estamos em um país produtor, trabalhando com qualidade, não quero nenhum intermediário, se eu posso me relacionar direto com o produtor. É uma maneira também de valorizar esses produtores.

Safra ES: Como é a recepção dos produtores?
Raposeiras: É um desafio. Primeiro porque tenho cara de mais nova (risos), depois porque eles não estão acostumados a receber o valor que eu pago, quatro ou cinco vezes mais que o valor da Bolsa. No começo eu causo estranhamento, por isso que preciso visitar, conquistar, mostrar para eles que eu sou confiável, que o trabalho com qualidade funciona. É realmente difícil.

Safra ES: Bons cafés podem ser apreciados como bons vinhos e bons chocolates, por exemplo?
Raposeiras:
Sim, claro. O café é mais complexo que vinho e chocolate até. Os compostos aromáticos do café são bem mais numerosos que os do chocolate ou do vinho, então o caminho é esse, é a gente tratar o café como a gente trata qualquer produto de qualidade, no mundo aliás já é tratado.

Safra ES: O consumidor brasileiro já despertou para essa avaliação?
Raposeiras: Está despertando na verdade, porque é tudo muito novo. Mas os consumidores estão muito interessados em produtos de qualidade de um modo geral.

Safra ES: O paladar do brasileiro tem essa pegada para descobrir esse paladar mais apurado?
Raposeiras:
Tem sim, é só uma questão de as pessoas se acostumarem com novos sabores. Para o nosso corpo é mais natural o café de qualidade do que o de baixa qualidade. É que a gente se acostumou tanto com sabor de baixa qualidade que a gente acha que café é só isso. Quando você começa a apresentar para as pessoas a alta qualidade elas começam a só querer isso porque é mais natural para o corpo.

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