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Estado

Roubos de gado dão prejuízo de mais de R$ 100 mil a pecuaristas do ES

Quadrilhas de Minas Gerais e Bahia atuam em fazendas do Estado, onde matam animais e levam a carne para comércio clandestino

por Redação Conexão Safra

em 03/08/2020 às 11h59

5 min de leitura

Roubos de gado dão prejuízo de mais de R$ 100 mil a pecuaristas do ES

*Foto: Leandro Fidelis/Arquivo Safra ES

Os constantes
roubos de gado
assustam os pecuaristas capixabas. Quadrilhas especializadas em atacar propriedades rurais agem principalmente em noites de Lua Cheia, matam bois e até vacas prenhas e levam a carne para ser comercializada clandestinamente. O prejuízo já passou de R$ 100 mil, segundo divulgou um jornal da capital.

Nos últimos dias, ao menos cinco fazendeiros tiveram propriedades invadidas pelos criminosos e 27 animais foram mortos ainda no pasto. O crime é chamado no meio jurídico de abigeato, com pena de dois a cinco anos, mais pagamento de multa.

Segundo o titular da Delegacia de Montanha, Leonardo Ávila, as gangues são do sul de Minas Gerais, Bahia e da Grande Vitória.

Na região de atuação do delegado, que compreende também os municípios vizinhos de Mucurici, Ponto Belo e Pinheiros, mais de 100 cabeças de gado já foram recuperadas e dez pessoas envolvidas e identificadas recentemente.

Além do noroeste do Espírito Santo, onde a pecuária é uma das principais atividades econômicas, crimes semelhantes ocorreram em Viana, Guarapari, Santa Leopoldina, Iconha, Anchieta, Muniz Freire e Mimoso do Sul.

Em um grupo de WhatsApp que reúne criadores da raça Girolando, há relatos diversos, conforme uma fonte da Safra ES compartilhou com a reportagem. Uma fazendeira de Cachoeiro de Itapemirim conta que foi vítima de vários roubos, incluindo um assalto.

“Tenho nove Boletins de Ocorrência registrados nos últimos 11 meses. No último episódio, mataram seis vacas para roubar a carne, deixando só os ossos e o couro para eu enterrar. Com um animal, me fizeram o favor de levar a carne somente um quatro traseiro, provavelmente para consumo ”, disse a pecuarista.

Outro testemunho dá conta do roubo de dez bois em uma fazenda em Iconha na semana passada. “Enquanto tiver consumidor que compre essa carne, não vai acabar o roubo de boi. Além de problema de polícia, também é um problema de saúde pública. Se cada município fizesse seu papel, sem dúvida teríamos menos roubo ”, declarou outro pecuarista (que pediu para não ser identificado).

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Ele calcula que só na região sul foram roubados 500 animais entre janeiro e julho deste ano.

Quase 82 kg de carne armazenados de forma irregular e impróprios para consumo foram apreendidos no último dia 21 de julho, em Guarapari. (*Foto: Divulgação Idaf)


Transporte de animais vivos com guias falsas

Os criminosos também costumam estacionar o caminhão perto das fazendas para embarcar os animais vivos e em grandes quantidades. Nesse caso, os bandidos emitem guias falsas de transporte para conseguir viajar.

Na maioria dos casos, o gado estava próximo a rodovias, facilitando os furtos. De acordo com o delegado Leonardo Ávila, a ausência de câmeras de monitoramento nos pastos dificulta a identificação dos invasores.

Pecuaristas de Viana cogitam até contratar seguranças armados para proteger os locais. As ocorrências cada vez mais frequentes têm tirado o sono dos criadores.

*Reprodução/Imagem cedida por pecuarista ouvido pela reportagem.


Até porcos

Na última terça-feira (28), criminosos invadiram uma propriedade em Vitória e roubaram cinco porcos, cada um pesando mais de 100 kg. Segundo o site Folha Vitória, o prejuízo para o dono dos animais foi de mais de R$5 mil.

Testemunhas relataram que os ladrões chegaram de carro e mataram os porcos. A suspeita é de que pelo menos quatro pessoas participaram da ação devido o peso dos animais.

O que fazer

A recomendação aos fazendeiros vítimas deste tipo de crime é registrar a ocorrência, com a opção de comparecer pessoalmente à delegacia ou fazê-la online, munidos de todo material que comprove o crime.

“Sempre que os produtores rurais forem vítimas de um crime, qualquer que seja ele, não deixem de formalizar o registro de ocorrência
na Delegacia da Polícia Civil ou até junto à Polícia Militar, para que as autoridades tomem conhecimento do fato e iniciem as investigações. Muitas vezes, uma investigação complementa a outra e, através das informações, identificamos os responsáveis e recuperamos os animais furtados ”, afirma o delegado titular de Montanha, Leonardo Ávila.


União em Castelo para reduzir criminalidade e favorecer turismo

Medida adotada nos últimos três anos no município sulino é tida como exemplar por pecuaristas capixabas

Há três anos, a cidade de Castelo, no sul do Espírito Santo, uniu forças para reduzir os roubos de gado e outros crimes e garantir a tranquilidade com o objetivo de atrair mais turistas.
Um trabalho integrado de iniciativa do Sindicato dos Produtores Rurais envolve
as polícias Militar e Civil, além do Judiciário e produtores rurais.

Com pouco mais de 37 mil habitantes, a média era de um boi roubado por dia em Castelo, afirma o presidente do do Sindicato, Francisco Valani da Cruz, mais conhecido como “KikoViana ”.

“Posso assegurar que Castelo é a cidade mais segura do Espírito Santo graças a essa integração, mas sem vaidade entre as polícias, isso ajuda muito ”, diz.

*Foto: Divulgação


Segundo Kiko, a mobilização em prol do turismo rural a partir de 2017 visava superar as graves crises econômicas ocasionadas pelas enchentes e seca que assolaram o município e o Estado.
Foram realizadas mais de 40 reuniões, com a participação de cerca de 100 proprietários rurais.
No entanto, afirma o presidente do Sindicato, a insegurança em Castelo foi apontada como principal obstáculo.

“Em 2017, mais de 60 pessoas foram presas no município acusadas de crimes em propriedades rurais. Fizemos uma força-tarefa, com apoio do empresariado local e da Justiça para reestruturar as sedes das polícias e manter a tranquilidade ”.

O último caso de abigeato no município ocorreu há 15 dias. Para Kiko, um caso isolado se comparado à média de crimes de três anos atrás. “Quem tem que ter medo aqui é bandido, trabalhador não ”, finaliza.


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