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CBA 2020: Manutenção da competitividade do agro brasileiro depende da união da tecnologia, sustentabilidade e segurança alimentar

por Assessoria de Imprensa

em 04/08/2020 às 17h56

15 min de leitura

CBA 2020: Manutenção da competitividade do agro brasileiro depende da união da tecnologia, sustentabilidade e segurança alimentar

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Foto: Pixabay

O agronegócio brasileiro é altamente competitivo mundialmente por diversos motivos, entre os quais, o uso da tecnologia em toda a cadeia produtiva, as questões naturais, com solo fértil, clima favorável e água em abundância, a estrutura de financiamento que possibilita o crédito para todos os produtores, e principalmente, as pessoas que trabalham para o segmento no Brasil, que buscam atender as demandas por alimento no país e no mundo. Mas, para manter essa competitividade, o agro precisa mostrar para as sociedades globais que a sustentabilidade ambiental é prioridade no setor, assim como sua capacidade de garantir a segurança alimentar e do próprio alimento.

Essa foi uma das conclusões do
Congresso Brasileiro do Agronegócio (CBA), um dos eventos mais relevantes do universo do agro nacional, que aconteceu nesta segunda-feira, dia 3 de agosto, em formato totalmente virtual, e reuniu mais de 8000 participantes que puderam acompanhar importantes debates para o desenvolvimento do agro no país. O tema central do encontro promovido pela
Associação Brasileira do Agronegócio (Abag)
e pela
B3, a bolsa do Brasil, foi
Lições para o Futuro.

Marcello Brito, presidente do Conselho Diretor da
Abag, afirmou em seu discurso na solenidade de abertura que o período pós-Covid 19 já mostra os sinais de uma realidade que priorizará a saúde, a sanidade e a sustentabilidade. “Também na esteira da saúde a luta contra a poluição, que em síntese tende a acelerar no mundo a economia verde, de baixo carbono na lógica da economia circular. Isso abre ao Brasil e ao mundo portas oportunas de um novo paradigma de desenvolvimento, numa visão moderna e socialmente mais justa e integrativa ”.

A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,
Tereza Cristina, ressaltou que o Brasil é uma potência no agro, mas também na área ambiental, porque consegue desenvolver e preservar de forma constante e contínua. “Estamos batendo recordes nas safras de grãos, melhorando nossa pecuária, diversificando nossos produtos, ao mesmo tempo, diminuindo o uso da terra e aumentando a produtividade ”, disse. Ela ainda acrescentou a importância da tecnologia desenvolvida no país, a partir da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), que é voltada para o solo e o clima tropical do país. E, isso contribui para o abastecimento de mais de 200 países e a abertura apenas neste ano de 70 mercados. “Teremos um mundo mais exigente em sanidade, em sustentabilidade. Assim, temos que exercitar a sustentabilidade, aquilo que sabemos fazer. Por isso, neste ano, quando estávamos construindo o Plano Safra, fizemos a questão de inserir recursos para os diversos programas que priorizam a sustentabilidade ”.

O ex-ministro da Agricultura,
Roberto Rodrigues, atual
coordenador do
GVagro
da FGV, resumiu o debate do Congresso Brasileiro do Agronegócio, afirmando que a pandemia agilizou o processo tecnológico e científico, visto pela maior conectividade e digitalização. “O evento convergiu para dois temas centrais: a segurança alimentar e do alimento e a sustentabilidade ”, disse.

No caso do primeiro tema, o mundo vai proteger a agricultura, podendo criar mecanismos de protecionismo que podem perturbar o comércio global. “Precisamos ficar atentos ”, ressaltou. Já o segundo aspecto, Rodrigues avaliou a importância de eliminar a divisão entre produtores e ambientalistas. “O Código Florestal é fundamental para todos nós. Ele não prejudicou nem auxiliou excessivamente nenhum dos dois lados. Precisamos acabar com essa diferença, por meio da ciência, tecnologia, racionalidade e política. O Brasil tem potencial agrícola e ambiental e elas precisam estar unidas, serem únicas, caminhando nessa direção. Ou seja, garantindo a segurança alimentar com sustentabilidade ”.

O ministro da Infraestrutura,
Tarcísio Gomes de Freitas, reforçou na solenidade de abertura do Congresso Brasileiro do Agronegócio as ações da pasta para melhorar a infraestrutura, possibilitando uma melhor e maior escoamento da safra. Entre as iniciativas estão: o aumento da oferta ferroviária, com investimentos de R$ 40 bilhões nos próximos anos, objetivando dobrar a matriz. A desestatização de portos para aumentar a capacidade portuária e melhorar o embarque dos produtos, e a ampliação da pavimentação de rodovias nacionais. Todas as essas ações, segundo o ministro, vão permitir, por exemplo, ter uma repercussão no frete pago pelo setor. Em média, neste ano, houve uma queda de 13% no custo do frete.

Já o CEO da
B3
,
Gilson Finkelsztain, falou sobre o momento ímpar vivenciado pela estabilidade econômica, manutenção da inflação sob controle e dos juros baixos. A B3 tem a missão de desenvolver o mercado e a economia, oferecendo ferramentas de gestão de risco e de crédito. “Assim, estamos levando o setor financeiro para o campo. Continuamos dedicados em ampliar o setor no mercado financeiro para que ele reflita de fato o agro nacional ”, disse o CEO, que comentou sobre o trabalho que está sendo realizado pela B3 para o lançamento de um contrato de soja futuro, que será acessível ao produtor rural, cooperativas e traders globais.
A abertura do evento também contou com os pronunciamentos do secretário da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo,
Gustavo Junqueira, do deputado Federal e do presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária,
Alceu Moreira.

Abag
neutraliza emissões de gases de efeito estufa

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Durante a abertura do Congresso Brasileiro do Agronegócio,
Marcello Brito
ainda anunciou que a Abag
é a primeira associação do agronegócio em nível mundial a neutralizar todas as suas emissões de gases de efeito estufa em 2019. Essa ação inédita, pioneira e inovadora foi possível devido ao novo ativo ambiental do agronegócio brasileiro, os CBios, créditos de descarbonização criados em nossa Política Nacional de Biocombustíveis (Renovabio).

A neutralização das emissões da Abag
foi feita pela Block C, um ecossistema de gestão e rastreabilidade de emissões baseado em tecnologia Blockchain. “Não se trata apenas de fazer o cálculo, auditar as informações, e adquirir os créditos. Nesta empreitada, a Block C e a ABAG contaram com “vontade boa ” de demonstrar esta inovação por todos os atores na cadeia. A SGS na auditoria, a StoneX na estruturação, a B3, nossa parceira nesse congresso, no registro do ativo ”, disse Brito. Foram comprados e retirados de circulação 55 CBios (cada um equivalente a 1 tonelada de carbono de emissão evitada com a substituição de combustíveis fósseis por renováveis). O preço médio ficou em R$ 22.

Para ele, este é, sem dúvida, um exemplo de empresas e setores que estão comprometidos com o agronegócio de impacto positivo e contribuindo para a sociedade. “Esperamos que esse pequeno gesto econômico, seja um gesto gigante no exemplo e na disseminação de ações mitigadoras das mudanças climáticas e um novo mercado para os CBIOs. Essa ação somente acontece quando se reúne protagonismo, legalidade e ciência ”, concluiu.

Lições para o futuro

No painel
O Agro e A Nova Dinâmica Econômica, Social e Ambiental do
Congresso Brasileiro do Agronegócio,
Celso Luiz Moretti, presidente da EMBRAPA, trouxe tendências para o futuro do agronegócio, como a presença da digitalização e da conectividade no campo, a bieconomia, a edição genômica das plantas, os sistemas integrados, com destaque ao iLPF (Integração-Lavoura-Pecuária e Floresta), sanidade e segurança do alimento e a sustentabilidade dos sistemas produtivos.

Para José Roberto Mendonça de Barros, sócio diretor da MB Associados, o pós-pandemia acentuará
tendências que já eram perceptíveis. “O que garante o sucesso do agro é o desenvolvimento tecnológico e sustentável. Para aumentar a produção, por exemplo, não é necessário queimar nenhum hectare de terra. O que foi dito pelo presidente da Embrapa sobre as tendências mostra que o Brasil está alinhado a uma agenda mundial. O agro brasileiro é o mais competitivo do mundo sem subsídio. O que inaceitável é o que vem acontecendo com a Amazônia. &Eacute, preciso ter zero leniência com o que é ilegal. Não pode haver desmate ilegal ”.

Nesse sentido,
André Guimarães, diretor Executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia IPAM e facilitador da Coalizão Brasil, Clima, Florestas e Agricultura, afirmou que é preciso reconstruir a reputação brasileira, mostrando ao mundo que todos os setores estão unidos &ndash, produtor rural, ambientalista, governo, academia e setor privado. Para isso, é preciso explicar que o meio ambiente não é externalidade para o agro, mas um aspecto intrínseco para o setor. Com isso, será possível atrair investimento para produzir ainda mais com tecnologia e sustentabilidade.

Segundo ele, o meio ambiente precisar ser considerado um ativo, que a preservação da Amazônia é um investimento. Para isso, a ciência precisar trabalhar mais fortemente para entender a dimensão da implicação climática em nível regional e assim mostrar, por exemplo, como a chuva que a Amazônia produz impacto o cerrado. “Temos que buscar o lado da harmonização, da produção e da conservação ambiental do Brasil para adquirir a reputação perdida e pavimentar o futuro da agricultura. Precisaremos de tecnologia, de muita floresta e de serviços ambientais ”.

Luiz Felipe Pondé, filósofo e colunista da Folha de São Paulo, concordou com a visão de Guimarães sobre o meio ambiente como um ativo e como a temática relacionada &agrave, sustentabilidade ambiental precisa se impor. Ele ponderou que é preciso usar a ciência justamente nesse caso, ou seja, de tornar mais claro o entendimento de que o meio ambiente é importante e precisa ser visto como um ativo.

Humanizar o agro

Para trazer essa mudança na reputação do agronegócio, mostrar ao mundo quem faz o agronegócio brasileiro é imprescindível. O Embaixador do Brasil junto &agrave, União Europeia,
Marcos Galvão, enfatizou em seu depoimento no painel
O Agro Brasileiro e a Crise Global
que, além das três questões apontadas como prioridade pela presidente do
Banco Central Europeu
(BCE), Christine
Lagarde: centralidade da questão ambiental e do clima, a digitalização da economia e no dia a dia das pessoas e a valorização da proximidade, é preciso colocar as pessoas no foco. “Não há problema em ter imagens de colheitadeiras automatizadas no campo, mas é preciso traduzir os dados e os fatos em cenas com pessoas. Precisamos humanizar e singularizar nossa agricultura, mostrar ao mundo os trabalhadores do agro brasileiro ”, disse. “Como o segmento é sustentável também socialmente, devemos apresentar suas escolas, creches, hospitais, a riqueza produzida no campo que impacta as pessoas. Coloquemos as pessoas, suas necessidades, preocupações e inspirações, em primeiro lugar ”.

Em concordância com a avaliação de Galvão,
Paulo Sousa, presidente da Cargill no Brasil, disse que é preciso mostrar as pessoas e sua comunidade, que são as produtoras dos alimentos com segurança alimentar e sustentabilidade. Ele acrescentou que o papel das companhias envolvidas no fluxo global dos alimentos é, antes de qualquer coisa, fazer o elo entre esse consumidor e produtor. “O consumidor é sensível a esse lado social. Por isso, podemos mostrar esse lado humano, o contato com a natureza, o bem-estar social, permitindo que as comunidades conheçam o agro nacional ”.

Para
Márcio Lopes de Freitas, presidente do Sistema OCB
e, o consumidor é o soberano do mercado. “A humanidade quer mudanças, quer que o comportamento do produtor rural esteja em acordo com suas demandas. Por isso, as empresas cooperativas devem sempre ter o foco no consumidor, afinal o produtor não é de commodities ou de valor agregado, é um produtor de alimentos para humanidade. A cooperativa é uma forma de organização que se baseia na confiança das pessoas. Assim, precisamos transferir essa confiança para sociedade global ”. Além disso, ele comentou que as cooperativas trabalham de forma a passar ao produtor as mais modernas tecnologias sustentáveis, atendendo, desse modo, a exigência de rastreabilidade no processo de produção dos alimentos

Na avaliação de
Grazielle Parenti
, presidente do Conselho Diretor da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA), pelo mundo estar interligado, as concepções que são vistas no mundo já permeiam o Brasil, como é o caso da sustentabilidade. Ela analisou que o país é muito competitivo no agronegócio no exterior por sua qualidade, além da rigorosa legislação brasileira e do sistema de compliance das indústrias. Por fim, ela ressaltou que o agro organizado não tem nada a ver com a criminalidade e a ilegalidade e que o segmento está gerando empregos e riqueza para todo o povo brasileiro.

Financiamento e seguro rural

A pujança do agronegócio depende também de um mercado financeiro, de crédito e de seguro que sustente o crescimento constante apresentado pelo setor. Por isso, o Congresso Brasileiro do Agronegócio contou com o painel
Mercado Financeiro, Seguro e Crédito Rural, que teve como debatedores
Fábio Zenaro, diretor de Produtos Balcão, Commodities e Novos Negócios da B3,
Ivandré Montiel da Silva, CEO da BrasilSeg e
Pedro Fernandes, diretor de Agronegócio do Itaú BBA.

Em depoimento,
Roberto Campos Neto, Presidente do Banco Central do Brasil, comentou a importância do agronegócio para o Brasil e como seu desempenho tem gerado grandes negócios, contribuindo para as exportações e para o PIB nacionais. Em relação ao crédito rural, ele comentou sobre o trabalho que tem sido promovido pelo mercado financeiro para avançar nos modelos de financiamento disponíveis para o produtor rural.
Ele citou as duas Resoluções (4801
e 4802), que autorizam a prorrogação de financiamentos rurais em algumas linhas de crédito e que criaram, por exemplo, uma linha de custeio para amparo do Pronamp e Pronaf e a Lei do Agro, que
moderniza as bases legais do crédito para o agronegócio. Ademais, ele também comentou sobre a consolidação, a partir do dia 1&ordm, de julho, da contratação simplificada de crédito rural, por meio eletrônico.

Fernandes ressaltou que o financiamento da agricultura precisa ser dividido em dois grandes blocos. Um está relacionado ao pequeno e médio produtor, que demandam a subvenção do governo federal. Desse modo, o Plano Safra tem papel importante como indutor das práticas financiamento e práticas agrícolas. O outro é a agricultura empresarial, acima do Pronamp, cujo crédito virá de um ambiente controlado para financiar a agricultura, construído pelo Banco Central, pelos bancos e pelo Mapa.

Ele ainda comentou sobre a mudança relevante que está ocorrendo no mercado agro, que está saindo de um modelo de crédito obrigatório para um modelo de crédito livre. Ou seja, isso significa que o produtor precisa construir seu histórico de bancabilidade, mostrando que seu negócio terá um retorno. “O mundo de ir ao banco, se enquadrar em um modelo e preencher os papéis está acabando ”, disse. No Paraguai, por exemplo, se o produtor rural tem uma dívida de US$ 300 mil, ele precisa apresentar balanço e um fluxo de caixa. “Nesse ponto, o Brasil está bastante atrasado ”.

Na questão do seguro, Silva ressaltou que o agronegócio tem um novo pilar, que é o mitigador de risco. “Os seguros rurais protegem o produtor contra intempéries ou protegem contra preço e têm sido trazidos para o centro da política agrícola ”, disse. O Plano Safra 2020/2021 contará com R$ 236,3 bilhões em recursos, com destaque para os R$ 1,3 bilhão do Seguro Rural. No Plano Safra anterior esse valor era de R$ 950 milhões.

De acordo com ele, existe uma nova percepção do produtor ante ao seguro rural. Nos últimos cinco meses deste ano, o seguro voluntário cresceu 40%. Além disso, a expectativa é que neste ano o mercado brasileiro tenha cerca de 15 milhões de hectares protegidos pelo seguro. Outro dado apresentado por Silva foi que somando os montantes deste ano e do ano passado, as seguradoras pagaram R$ 3,6 bilhões em sinistros.

Conforme explicou Zenaro, o agronegócio na crise atual se destacou e isso foi refletido nos mercados de capitais. Neste ano, o CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio) teve até o mês de julho R$ 8 bilhões emitidos e seu pipeline é crescente, com a expectativa de estoque de R$ 50 bilhões a R$ 60 bilhões. Ele destacou ainda a modernização regulatória do CPR (Cédula de Produto Rural) que trará ainda mais segurança ao processo. “O mercado de capitais para o agro é uma ferramenta importante ”.

Outra questão trazida por Zenaro foi as discussões sobre os green bonds, instrumentos de dívida emitidos por empresas, governos e entidades multilaterais negociados nos mercados de capitais com a finalidade de atrair capital para projetos com finalidade socioambiental. “Alguns investidores estão afirmando que só investirão em ações que tiverem esse selo. &Eacute, preciso estar muito atento a essa questão e entender os benefícios de emitir um título green ”.

No caso das fintechs, os três debatedores acreditam que elas são importantes e trazem uma nova dinâmica ao mercado e, também, oportunidades.

Para conferir a íntegra do
Congresso Brasileiro do Agronegócio, basta acessar o Canal da Abag
no
YouTube.

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