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Indústria

Falta de matéria-prima prejudica polo moveleiro de Linhares

Na lista de itens estão os principais insumos usados no setor. Aumento nos preços de alguns produtos passa de 100%

por Sindimol

em 03/12/2020 às 11h25

4 min de leitura

Falta de matéria-prima prejudica polo moveleiro de Linhares

*Fotos: Divulgação

Passado o período inicial da pandemia, com a queda nas vendas do setor moveleiro em março e abril, teve início um forte período de recuperação, a partir de maio, com altas consecutivas nos meses seguintes. Dados do Instituto de Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que, em outubro, a produção de móveis do Brasil está 8% superior ao período pré-pandemia.

O aquecimento nas vendas, porém, fez surgir dois problemas: a falta de produtos e uma escalada de reajuste nos preços. Todos os insumos usados na indústria moveleira já estão com certo grau de dificuldade para aquisição, o que prejudica os fabricantes por vários motivos. É o que explica o presidente do Sindicato das Indústrias da Madeira e do Mobiliário de Linhares e Região Norte do Espírito Santo
(Sindimol), o industrial Bruno Barbieri Rangel.

“Já estamos com dificuldade para adquirir alguns insumos. Já estamos tendo que deixar de produzir ou substituir, como é o caso do alumínio. Além de quebrar o ritmo da produção, a falta de insumos gera um desconforto enorme em relação aos compromissos assumidos com o cliente, que acabamos não conseguindo cumprir ”, destaca Rangel.

Outro problema é o impacto nos preços, causado pela escassez de matéria-prima. Alguns itens tiveram reajuste superior a 100%. O empresário Kerliton Modenezi afirma que, a partir de junho, as principais matérias-primas sofreram reajustes.

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“A partir de junho, o mercado se mostrou muito aquecido, o dólar disparou e começaram os aumentos dos insumos. Em todos os meses seguintes tivemos reajustes das nossas principais matérias-primas, algumas com até 120% ao longo desse período ”, diz Modenezi.

Ainda de acordo com o presidente do Sindimol, o consumo hoje está bem acima dá oferta. E para reverter esse quadro é preciso equilíbrio. Enquanto isso, afirma Rangel, fica difícil prever a retomada a normalidade. “Na realidade, o consumo hoje está muito maior que a oferta. Então, enquanto essa balança não se equilibrar, vai ficar difícil fazer qualquer previsão de retomada da normalidade na entrega de insumos para indústria moveleira ”.

Bruno Barbieri Rangel é o presidente do Sindimol.


Problema afeta vários segmentos do setor

Dentre os associados ao Sindimol, não são apenas as fábricas de móveis seriados que sofrem os impactos da falta de matéria-prima. Fabricantes de estofados e marcenarias também sentiram os efeitos da crise.

Rafael Motta Boa Morte, sócio e administrador de uma fábrica de estofados em Sooretama, diz que o foi preciso tomar decisões rápidas para contornar a situação e o aumento dos preços que chegou a 100%, caso da espuma.

“Tivemos que agir muito rápido. Trocamos cores de tecido que não estavam mais disponíveis para compra e negociamos com os nossos clientes essas trocas. Também fechamos parcerias com novos fornecedores para compra de tecidos e espumas.
No caso da espuma, o repasse dos aumentos para as indústrias de estofados beirou 90%, 100%, em alguns casos ”, salienta Motta.

Quanto aos clientes, Rafael explicou que foi preciso manter diálogos constantes, no intuito de manifestar a necessidade de reajustar os preços, mesmo com pedidos em carteira, e que esses reajustes eram reflexo do mercado.

Já nas marcenarias, o problema mais grave é a falta de ferragens. “Nosso maior problema são as ferragens. Muitos fornecedores já estão sem material para pronta entrega e não tem previsão de quando chega ”, relatou o empresário Emerson Pauli Marinato.

Outra dificuldade, aponta Marinato, é a falta de estoque de material, uma vez que, geralmente, as marcenarias trabalham com estoques reduzidos e produtos muito específicos, de acordo com cada projeto.
Além de aumentar o tempo para entrega dos móveis, alguns pedidos precisaram ser recusados, e a margem de lucro encolheu. “No caso de pedidos já fechados, a margem de lucro foi enxugada e nós ficamos com o prejuízo, uma vez que não tivemos mais como repassar esses reajustes para o cliente ”.

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