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Internacional

Enquanto aviação comercial prevê cortes, nos EUA a aviação agrícola escapa da tempestade

Média voada por aeronaves em lavouras norte-americanas foi de 274,5 horas, contra 329,1 em 2019 – no Brasil, setor prevê crescimento de frota e aviação comercial chegou a outubro com metade dos voos normais pré-pandemia

por Imprensa Sindag

em 06/11/2020 às 10h30

5 min de leitura

Enquanto aviação comercial prevê cortes, nos EUA a aviação agrícola escapa da tempestade

Foto: Sindag

Segundo a revista Forbes, enquanto a aviação comercial no mundo amarga uma previsão de cortes drásticos em empregos para equilibrar as contas em 2021, nos Estados Unidos, a aviação agrícola segue voando segura sob a tempestade.
Em matéria nesta quinta-feira (5), a publicação norte-americana sobre economia destaca que lá, como no Brasil, o setor aeroagrícola foi considerado essencial durante a crise da Covid-19.

“Tive a sorte de estar neste setor no momento certo ”, comentou Scott Palmer, um piloto agrícola ouvido pela reportagem. Palmer trabalha para a Inland Crop Care, em Pullman, Estado de Washington. “A agricultura tem que acontecer aconteça o que acontecer. Temos que alimentar a América ”, comentou, ressaltando que não teve diminuição de trabalho durante a pandemia.

Tendo como fonte a empresa de recrutamento ZipRecruiter, a Forbes cita que os pilotos agrícolas norte-americanos ganham em média de US$ 71, 18 mil por ano, embora os salários cheguem a US$ 147,5 mil. No entanto, segundo a Associação Nacional de Aviação Agrícola do país (NAAA, na sigla em inglês), a média voada por aeronave agrícola nos Estados Unidos em 2020 foi de 274,5 horas, contra 329,1 horas em 2019. Porém, em 2018 a média havia sido de 278,2 horas voadas por aeronave.

Conforme o diretor-executivo da NAAA, Andrew Moore, a queda de 16% do ano passado para cá ocorreu devido aos preços mais baixos das commodities devido à pandemia. Moore conta ainda que as horas voadas em 2020 foram 10,8% mais baixas do que a média dos últimos seis anos, mas uma demanda comparativamente forte. Conforme a NAAA, existem nos Estados Unidos cerca de 1.560 empresas de aplicação aérea e 2.028 pilotos agrícolas, que tratam anualmente 51,4 milhões de hectares de culturas.

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Já na aviação comercial, a ansiedade pela situação das companhias fez com que a busca por empregos alternativos se tornasse comum entre os pilotos de transporte aéreo. Segundo
relatório divulgado no final de outubro
pela Associação Internacional de Transporte Aéreo Iata), as companhias em todo o mundo teriam que fazer cortes de 40% a 52% apenas para empatar s contas em 2021. O que significa 1,3 milhão de empregos em risco.

O setor esperava uma recuperação de demanda neste quarto trimestre de 2020, o que não deve se confirmar devido aos novos ciclos de Covid-19 em diversos países. Com isso, a projeção de queda de receitas no ano na aviação comercial se agravou de 29% para 46%. Segundo a IATA, a queda mundial no tráfego de passageiros este ano, no comparativo com 2019, deve ficar em 66%, com a demanda de dezembro caindo 68%.

“O quarto trimestre de 2020 será extremamente difícil e há poucos indícios de que o primeiro semestre de 2021 tenha melhoras significativas, enquanto as fronteiras permanecerem fechadas e as quarentenas de chegada permanecerem em vigor ”, comentou o diretor-geral da Iata, Alexandre de Juniac.

BRASIL

Em terras e céu brasileiros, a aviação comercial respira um pouco mais de otimismo. Conforme o diretor da Iata no Brasil, Dany Oliveira, abril foi o pior mês da aviação nos últimos 75 anos. No entanto, alguns mercados, principalmente os emergentes, têm demonstrado crescimento consecutivo acima de 40%. Em setembro, o mercado doméstico brasileiro cresceu sete vezes em comparação ao mês de abril, enquanto o internacional cresceu três vezes. Parte desse crescimento se deve à agilidade na abertura das fronteiras e ao fim das restrições de viagens, que também contribuíram para incentivar os países da América Latina a retomarem os voos, como Argentina, Peru e Colômbia.

A declaração ocorreu durante um dos painéis do
Expo Forum Visit SP, realizado nessa quarta-feira (4) organizado pelo São Paulo Convention & Visitors Bureau (SPCVB), em parceria com a Secretaria de Turismo do Estado de São Paulo e a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear).

ANUÁRIO

Já o
5º Anuário Brasileiro de Aviação Civil, lançado no último dia 22 de outubro, pelo Instituto Brasileiro de Aviação (IBA), demonstra uma projeção de retomada lenta para 2021 na aviação comercial. Com um cenário de quase normalidade para a aviação geral já a partir deste mês de novembro na aviação geral &ndash, onde está a aviação agrícola, que inclusive projeta crescimento de frota em 2020, segundo o Sindag. O sindicato aeroagrícola prevê que a frota aeroagrícola nacional
passe de 2.280 para até 2.350 aeronaves. Segundo o Anuário do IBA, o País tem atualmente 270 empresas aeroagrícolas.

Conforme o titular da Secretaria Nacional da Aviação Civil (Sac), Ronei Saggioro Glanzmann, a aviação comercial no Brasil teve uma reação importante a partir agosto. “Em outubro passamos 1 mil voos diários. Enquanto a média antes da pandemia era de 2 mil a 2,3 mil voos por dia ”,
comentou, no evento de lançamento do Anuário. “No auge da pandemia chegamos a ter apenas 180 voos diários ”, ressaltou.

Enquanto na aviação comercial a queda chegou a 91%, na aviação geral a retração foi de 55%.
Segundo o diretor-geral da Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag), Flávio Pires, a diferença foi causa da necessidade de atendimento aéreo em áreas críticas pela pandemia, especialmente no Norte, e pelo agrobusiness (onde está a aviação agrícola). Na parte de saúde, houve muita necessidade de ambulância aérea. “Transporte de pacientes do Norte para o Sudeste e de forças de segurança para zonas onde o Estado precisou se fazer mais presente. ”

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