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Pecuária leiteira

Oferta limitada e competição entre laticínios marcam 2019

por Assessoria de imprensa Cepea

em 09/01/2020 às 13h53

4 min de leitura

Oferta limitada e competição entre laticínios marcam 2019

(Foto: *Assessoria de Imprensa)


Segundo levantamentos do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, 2019 foi um ano atípico para o setor de lácteos, marcado por sustentação dos preços no campo, em decorrência da oferta limitada e do aumento da competição entre os laticínios para assegurar mercado. E isso foi verificado num contexto de consumo retraído. O resultado: os preços ao produtor não seguiram a tendência sazonal de aumentos entre fevereiro e agosto e de quedas entre setembro e janeiro.


Segundo levantamentos do Cepea, as cotações no campo já iniciaram o ano em alta e a oferta restrita sustentou as consecutivas elevações de janeiro a junho. No período, foi verificado aumento real de 22 centavos por litro na “Média Brasil ” líquida, com as cotações reais atingindo os mais altos patamares da série histórica do Cepea para um primeiro semestre.

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No entanto, a estagnação econômica, a diminuição do poder de compra do brasileiro e a pressão das redes varejistas para atrair consumidores com preços baixos restringiram a valorização dos derivados lácteos. De acordo com pesquisas do Cepea, os preços médios anuais do leite UHT e da muçarela caíram de 2018 para 2019. A dificuldade das empresas em repassar a alta da matéria-prima para os lácteos sem comprometer seus shares de mercado espremeu as margens das indústrias. Com isso, a participação média anual do preço do leite ao produtor nas cotações do UHT e muçarela aumentou 10% e 8%, nessa ordem, de um ano para o outro.


Por esse motivo, pesquisadores do Cepea destacam que os preços do leite ao produtor registraram quedas em julho e agosto, que, sazonalmente, são períodos de picos de entressafra &ndash, apenas nestes dois meses, o recuo real foi de 12 centavos/litro. Contudo, a competição entre indústrias para garantir a compra de matéria-prima continuou acirrada no terceiro trimestre, já que a produção não se recuperou. O desequilíbrio entre oferta e demanda levou ao encadeamento de altas nos preços dos derivados, no leite spot e, por fim, nos pagos ao produtor em setembro.


A produção de leite enxuta no que seria, sazonalmente, o início da safra acarretou em volumes mais baixos nos estoques de derivados, o que trouxe incertezas aos agentes. Assim, o intenso recuo que normalmente se observa no final do ano não foi verificado em 2019.


Pesquisadores do Cepea indicam que dois pontos explicam a oferta limitada no campo em 2019 e também o fato de a produção do segundo semestre não ter sido estimulada, mesmo com os preços favoráveis até a metade do ano &ndash, oposto ao ocorrido em 2017. O primeiro ponto é clima. De janeiro a março, as chuvas irregulares diminuíram a disponibilidade de pastagens e a produtividade das lavouras de milho, no segundo e terceiro trimestres, o inverno seco prejudicou a captação leiteira no Sudeste e a produção do Sul não foi tão alta quanto se esperava. Por fim, o atraso das chuvas da primavera, que tipicamente marcam o início da safra do Sudeste e Centro-Oeste, limitou a recuperação da produção no último trimestre.


Em segundo lugar, deve-se destacar que a restrição da oferta foi intensificada pela saída de produtores da atividade nos últimos anos e pela grande insegurança &ndash, verificada em anos anteriores e também em 2019 &ndash, em realizar investimentos de longo prazo frente às incertezas no curto prazo. Assim, as dificuldades de 2017 e 2018 se desdobraram em efeitos de longo prazo, que impactaram negativamente a produção em 2019.


Pesquisadores do Cepea ressaltam, ainda, que o aumento dos preços dos grãos no encerramento de 2019 pode diminuir o potencial de crescimento da atividade. Ademais, as cotações atrativas no mercado de gado de corte têm incentivado o abate de vacas e podem, nos próximos meses, levar à destinação de parte da produção de leite para a alimentação de bezerros.

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